Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Variações Ein Mädchen oder Weibchen de "A Flauta Mágica" (Mozart) op.66

Beethoven ganhou uma caixa de rapé banhada a ouro cheia de luíses de Frederico II da Prússia, tamanho o entusiasmo do rei com as duas primeiras sonatas para violoncelo e piano do compositor que lhe foram dedicadas. Estas peças são um marco na história da literatura para violoncelo, já que são as primeiras em que os dois instrumentos duelam em pé de igualdade – ou seja, emancipa-se o piano, até então mero coadjuvante.

Tomou gosto pelo violoncelo, instrumento que conheceu bem por causa do amigo e virtuose francês Duport, e dois anos depois compôs estas doze variações sobre a ária “Ein Mädchen oder Weibchen” da ópera “A Flauta Mágica” de Mozart. Trata-se de uma arietta em que Papageno canta que é de uma mulher o que ele precisa para ser feliz. Se não a encontrar, morrerá; se ela lhe for concedida, Papageno recuperará o apetite e a saúde.

A ópera mozartiana fora grande sucesso em Viena em 1791 e Beethoven não pensava, certamente, num virtuose como Duport quando escreveu as partes não tão rebuscadas do violoncelo. Em todo caso, elas conservam o sabor popular (Mozart baseou-se num refrão muito popular em Viena para escrever a arietta). Destacam-se a segunda variação, onde o cello é mais brilhante, e a última, um allegro com um final surpreendente: depois de brilhantes escalas no violoncelo e no piano, a dinâmica de repente cai para o pianissimo e a peça se encerra de modo bastante lírico.

 

João Marcos Coelho.

Esta obra faz parte do programa de Pieter Wispelwey e Dejan Lazic em 02 de Agosto (Série Porto Alegre), 03, 04 e 05 de Agosto (Série Espaço Cultural BankBoston), 06 de Agosto (Série Rio de Janeiro) e 07 de Agosto (Série Campos do Jordão).