Ludwig van Beethoven (1770-1827) Parar a música

Sonata nš 8 em dó menor para piano op. 13, “Patética”
- Grave – Allegro di molto e con brio
- Adagio Cantabile
- Rondo: Allegro

Uma das mais conhecidas, leva o apelido que a tornou famosa, “Patética”, atribuído pelo editor vienense Eder. Beethoven não só não se opôs como gostou e andou usando o adjetivo para qualificá-la. Composta em 1798-99, foi publicada como “Grande Sonata Pathétique pour le clavecin ou piano-forte, composée et dédiée à Son Altesse Monserigneur le Prince Karl von Lichnowsky”.

Sem dúvida, a “Patética” constitui o clímax e a mais bem-acabada obra pianística de Beethoven criada nos limites do ano de 1800. Sua tonalidade – dó menor – é uma das mais caras ao compositor, que a utilizou em obras-chave como a sonata no. 32, opus 111, a Fantasia Coral, o terceiro concerto para piano e orquestra e também a Quinta Sinfonia. Já se afirmou que este é o tom romântico por excelência.

Mais do que a tonalidade, entretanto, é a dramaticidade que Beethoven injeta no discurso pianístico a grande novidade naquela virada de século. A majestosa introdução lenta é seguida de um allegro que é inesperadamente interrompido duas vezes pelos acordes pontuados, do início, no primeiro movimento. O “Grave – Allegro di molto e con brio” expõe também outras características: os acentos forte e piano no primeiro tempo dos compassos; a oposição entre um motivo piano e outro fortissimo.

Em toda a “Patética”, mas sobretudo no “Adagio cantabile” central, todos os músicos contemporâneos de Beethoven espantaram-se com o “legato” tão intensamente perseguido. Luca Chiantore anota que “a necessidade de um som ‘cantável’ provoca aqui uma escritura radicalmente nova, em que a mão direita se encarrega, ao mesmo tempo, da melodia e de boa parte do acompanhamento”. E conclui: “A verdadeira novidade aqui é técnica, pois provoca um novo modo de tocar. O pianista deve explorar os diversos tipos de ataque para conseguir uma aceitável qualidade sonora e ressaltar a linha do canto”.

 

João Marcos Coelho.

Esta obra foi interpretada por Jean Louis Steuerman em São Paulo (19, 20 e 21 de Maio), Porto Alegre (22 de Maio) e será interpretada no Rio de Janeiro (07 de Outubro).